quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Alexandre O'Neill (1924-1986)

PERU

Do peru, está tudo dito. Elefante do aviário, o peru não aguenta mais ápodos.
Podemos, no entanto, garantir que o peru rupe, que não é mau com puré e que, embore prue, morre muito com urpe.
O melhor peru é o do vale do Epru. Mas não paga a pena mandá-lo vir de lá. Chegaria a vossas casas sem aquele «repu» que o caracteriza. Podeis, perum, supermercá-lo: vitaminado, vacinado, pesado, congelado, embalado, carimbado, comprovado. Aproveitai, no presente Natal, este superperu, que, para o ano, vendê-lo-ão já mastigado, em bisnagas cheias de préu.

Alexandre O'Neill, Poesias Completas, Assírio & Alvim, 2000, p. 419

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