quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Thomas Bernhard (1931-1989)

No Jardim da Minha Mãe

No jardim da minha mãe
o meu ancinho junta as estrelas
que caíram enquanto eu cá não estive.
A noite está quente e os meus membros
exalam a proveniência verde,
flores e folhas, o grito do melro e o bater do tear.
No jardim da minha mãe
piso, descalço, as cabeças de cobras
que avançam, a espreitar, pelo portão ferrugento
com línguas de fogo.
Na Terra e no Inferno, Assírio & Alvim, 2000

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