1. No meio de vinte montanhas nevadas
A única coisa que se mexia
Era o olho do melro.
2. Eu via as coisas de três maneiras diferentes,
Como uma árvore
Onde há três melros.
3. O melro rodopiava ao sabor dos ventos de Outono.
Era uma pequena parte da pantomima.
(...)
6. Gotículas geladas cobriam a grande janela
De vidros toscos.
A sombra do melro
Cruzava-a, dum lado para o outro.
O estado de espírito
Desenhava na sombra
Uma causa indecifrável.
(...)
9. Quando o melro voou para fora do alcance da vista
Assinalou a orla
De um de muitos círculos.
(...)
12. O rio corre.
O melro deve andar a voar.
13. Anoitecia em cada instante da tarde.
Nevava
E ia continuar a nevar.
E o melro empoleirado
Nos ramos dos cedros.
António Simões, Antologia de Poesia anglo-Americana, Campo das Letras, 2000, pp. 409-413
Sem comentários:
Enviar um comentário