terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Rui Nunes (cont.)

"[...] Há em mim um lado fortemente rural, mas não é uma ruralidade folclórica. [...] Não perdi, felizmente para mim, essa qualidade que os bichos têm, sei sempre onde estou, sei sempre para que lado é o Norte e isso vem-me da infância." (p. 56)

«(o fosso)

Sobre a piscina, a figueira recorta um zumbido. Escondida atrás do loureiro, junto ao poço, a criança chama a distância: há um nome que se prolonga sem resposta: assim começa o exílio: passo a passo, parto a parto, alguém desenha o mapa:
A mão anónima tem a precisão imensa de uma fuga.
:
sob a fogueira, os reflexos transformam a água num golpe.
Abelhas e libelinhas mortas deslocam a sombra no fundo de azulejos.
Ouve-se respirar. Ou a imobilidade a partir-se?» (p. 60)

excertos retirados da entrevista a Rui Nunes: "Uma Plenitude Terrível" de Maria da Conceição Caleiro in Cão Celeste, nº 4 




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