Agora deixem-me, vou sozinho.
Vou sair, pois tenho coisas a fazer: um insecto espera-me para
que o trate. Agrada-me
o grande olho facetado, anguloso, imprevisível como o fruto
do cipreste.
Ou então tenho um pacto com as pedras raiadas de azul: e
vós igualmente me deixais,
sentado, na amizade dos meus joelhos.
1908
Elogios, Quasi, 2002 , p. 61
CANÇÃO
Parado o meu cavalo sob a árvore coberta de rolas, lanço um assobio tão puro, que não há promessas às suas margens que estes rios não cumpram. (Folhas vivas na manhã são à imagem da glória...)
E não é que um homem não esteja triste, mas levantando-se antes do dia e mantendo-se com prudência no comércio duma velha árvore, apoiado pelo queixo à última estrela, ele vê no fundo do céu em jejum coisas grandes e puras que dispõem ao prazer...
Parado o meu cavalo sob a árvore que arrulha, lanço um assobio mais puro... E paz àqueles que, se vão morrer, não chegaram a ver este dia. Mas de meu irmão, o poeta, tivemos nós notícias. Mais uma vez escreveu uma coisa muito doce. E alguns tiveram dela conhecimento...
Anabase, Relógio D'Água, 1992, p. 79
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