quarta-feira, 29 de maio de 2013

Emily Dickinson (1830-1886)

Tão pouco a Erva precisa de fazer -
Esfera de humilde Verde -
Com Borboletas só para pensar
E Abelhas entreter -

Mover-se todo o dia a belas Melodias
Que as Brisas vão buscar -
E no seu colo segurar o Sol
Fazer vénias a tudo -

Tecer de noite Orvalhos, como Pérolas -
E fazer-se tão fina
Que uma Duquesa, a coisa mais vulgar
Nem notícia seria -

E mesmo quando morre - esmaecer
Em odores tão divinos -
Especiarias Suaves, de dormir -
De Nardos, perecendo -

Depois, em Celeiros Reais viver -
E sonhar com os Dias a passar -
Tão pouco a Erva precisa de fazer -
Que eu queria ser um Feno -

Emily Dickinson, Cem Poemas, Relógio D'Água, 2010, p. 151


Sem comentários:

Enviar um comentário