Meu corpo único, tão de mim?
Pela alegria chã de respirar,
Silenciosa, a quem devo louvar?
Sou jardineiro e sou flor - cativo
Na prisão do mundo sozinho não vivo.
E já nos vidros da eternidade
Cai meu calor, meu sopro respirado.
Nela se grava um desenho para sempre,
Irreconhecível de tão recente.
Escorra do momento a água turva -
O desenho amado não esbate à chuva.
Ossip Mandelstam, Guarda Minha Fala Para Sempre, Assírio & Alvim, 1996, p. 107
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