sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Béla Tarr, «O Cavalo de Turim» (2012)




O ponto de partida do filme é aquela anedota nietszcheana que se ouve no início. De onde é que ela vem? Ou por outra, como é que ela gera a inspiração para um filme? 

 Na verdade, a ideia germinava desde 1985. Nesse ano assisti a uma conferência de Laszlo Krasznahorkai [escritor, e argumentista de Tarr] em que ele contava a história. E no fim, alguém perguntava: "e o que aconteceu ao cavalo?". Entre nós, repetimos muitas vezes a pergunta ao longo dos anos: "o que aconteceu ao cavalo?" [risos].

 O cavalo é o primeiro protagonista. Aquele plano-sequência de abertura é espantoso, coloca logo o filme sob o signo do esforço físico, do cansaço... 

Verdade. Conhece aquele livro que fala da insustentável leveza do ser... O meu filme é o contrário, fala do insustentável peso do ser...
(...)

 Os actores vêm de outros filmes seus. Mas o cavalo [Ricsi], como fez o casting do cavalo?

 Fomos a um mercado de animais e descobrimos este, que tinha ar de não querer trabalhar. Podia ser o cavalo da história de Nietzsche. Percebemos que era o nosso cavalo.
 (...)

 Que citação do Godard é que tem ali na parede, em húngaro?

 "Van Gogh inventou o amarelo quando queria pintar e já não havia sol".


excerto de uma entrevista a Béla Tarr por L. M. Oliveira, in «ípsilon», 15 Junho 2012

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