quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Jean-Arthur Rimbaud (1854-1891)

SULCOS

À direita a aurora de verão desperta as folhas e os vapores e os ruídos deste lado do parque e à esquerda os taludes guardam na sua sombra violeta os mil rápidos sulcos da estrada húmida. Desfile de maravilhas. Com efeito: carros carregados de animais de talha dourada, de mastros e de telas sarapintadas, ao grande galope de vinte cavalos de circo malhados, e homens e crianças sobre as suas alimárias mais espantosas; - vinte veículos
corcundas, empavezados e floridos como caleches de lenda ou de conto de fadas, repletos de crianças ataviadas para uma pastoral suburbana; - até caixões, com os seus dosséis nocturnos alçando os penachos de ébano ao trote de grandes éguas negras e azuis.

Rimbaud, Iluminações Uma Cerveja no Inferno, Assírio & Alvim, 2007, p. 49

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