quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

José Sebag (1936-1990)

o herbário sou eu voluntário das guerras
a coronha na cara suicida na reserva
o herbário sou eu como um rio triste
ou um país que nova praga infeste
o herbário sou eu a chuva que não veio
o hortelão que jura que a terra é que não presta
a metáfora intrometida de permeio
o herbário sou eu passo a passo vidrado
passo a passo no asfalto espelhado
o herbário sou eu sozinho como todos
os que fazem ou são tamanha multidão
compradores por vício a rodos
tanto o dinheiro chegue tanto não
o herbário sou eu castigado inocente
a morte decorrente desta vida de cão
o herbário sou eu voluntário das guerras
perdidas como quase sempre todas são
bárbaro reflectido austero depravado
o herbário o herbário o herbário
seco nas folhas mas na raiz não

José Sebag, Cão, até Setembro, IAC, 1991, p. 37

1 comentário:

  1. (Improviso em directo):
    O Sebag!
    Açores e Sebaguinho, 1975 e por aí adiante até Setembro...
    A poesia catalizada no céu de estrelas
    Um teclado de Messa na Mesa.
    Uma Mesa posta sobre uma terra tremente
    Por onde Heras trepavam em todos os sentidos.
    "Les petits artistes!"
    Lisboa, Reboleira, S. Marçal...
    O planeta cada vez mais precário,
    Preçaário
    Até ao Apreçário...
    Uma dívida soberana
    Nesta Páscoa
    Sabadal
    Sebag!
    Pedra Pupilar que só eu tenho, não sei onde,
    (do que eu me ia esquecendo no improviso....)
    PP, como o Planeta P.dos tempos de Gelo e Cesariny e outras histórias na Memória
    Ora dói-me...
    Dai-me já não repito,
    Apenas Pessonho
    Porque é Sábado, Aridez e Aleluiah!

    ResponderEliminar