sábado, 2 de fevereiro de 2013

Jorge Sousa Braga

François Schuiten
 As árvores e os livros

As árvores como os livros têm folhas
e margens lisas ou recortadas,
e capas (isto é copas) e capítulos
de flores de letras de oiro nas lombadas.

E são histórias de reis, histórias de fadas,
as mais fantásticas aventuras,
que se podem ler nas suas páginas,
no pecíolo, no limbo, nas nervuras.

As florestas são imensas bibliotecas,
e até há florestas especializadas,
com faias, bétulas e um letreiro
a dizer: «Floresta das zonas temperadas».

É evidente que não podes plantar
no teu quarto, plátanos ou azinheiras.
Para começar a construir uma biblioteca,
basta um vaso de sardinheiras.

4 comentários:

  1. este poema diz tudo o que sempre senti em relação aos livros
    e às árvores
    a grandiosidade das árvores como força viva da natureza
    com ou sem grande porte
    é semelhante à pontência das palavras
    dos grandes
    mestres
    o tão enigmático tronco
    e a renovação do ciclo das folhas
    sempre me incomodou
    da mesma forma
    que me surprendem
    aqueles textos
    inocentemente imaculados:
    fontes de sabedoria
    inata
    como uma dádiva espontânea do ser

    Parabéns por este um pouco mais de terra
    alimento do corpo e da alma.


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  2. Muito obrigada por este comentário vindo dessa Faia do Norte

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