Entre Tudo
a morte de Prunus Triloba
quando Sebastião ouviu (dizer) «Sou eu, Úrsula», saiu pela porta dos incógnitos, e tornou-se arbusto com as árvores; uma das três árvores era Prunus Triloba:
durante alguns momentos, Triloba teve uma mente de homem; certo dia, estando Spinoza a escrever, sentiu no flanco uma espécie de penetração de um gume e uma angústia que veio a tornar-se numa ciência de intuições vivas e claras.
Ignorou a razão dessa manifestação dolorosa, e nunca chegou a saber que a sua mente estivera a meditar com o abater de uma árvore.
Prunus Triloba tem uma mente de árvore e uma sombra tremente de indícios; fechada no seu espaço, procura os insectos no texto, no colo de Úrsula, nas paredes que são de terra branca; Spinoza tem por hábito deixar-se ficar no tronco, e suscita à volta uma claridade sem limites
Maria Gabriela Llansol, Causa Amante, Regra do Jogo, 1984, p. 63
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